Morro dos Conventos foi palco de pacífico e histórico momento pelo equilíbrio climático na campanha mundial do 350.org

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As dunas e as falésias do Morro dos Conventos foram palco de pacífico e histórico momento pelo equilíbrio climático na campanha mundial do 350.org


A iniciativa da campanha Ligando os Pontos pela ONG 350.ORG tem o objetivo de mobilizar as pessoas ao redor do mundo, em especial os mais atingidos pelos impactos causados por extremos climáticos, para a justiça climática.  A referência 350.ORG é uma menção às 350 partes por um milhão de CO² na atmosfera, cifra considerada por cientistas como o limite máximo destes gases para manter o equilíbrio no planeta Terra.  Estudos comprovam cientificamente que este índice atingiu 392 ppm, o que significa dizer que já ultrapassou a zona de segurança para o equilíbrio da vida no planeta. Acredita-se que o aumento e a intensidade de ocorrência dos eventos extremos do clima nos últimos anos seja explicado por esse motivo. Os impactos vão desde o derretimento das geleiras da Groelândia até a ocorrência do furacão Catarina aqui na região sul de Santa Catarina, configurando um preocupante cenário com registros de tragédias causadas pela violência das águas e dos ventos em todo o planeta.


Vários fatores fizeram com que a coordenação da campanha do 350.org Brasil mantivesse contato conosco para participarmos do movimento internacional, propondo que criassémos um momento climático na região. Primeiro, por ser o epicentro do furacão Catarina e outras adversidades do clima e, também, por ser a região no país que mais emite CO² pela queima de combustíveis fósseis, tanto que é enquadrada em decreto federal (85.206/80) como uma das 14 regiões mais críticas do país em decorrência da famigerada atividade carbonífera, que explora e queima o carvão mineral de forma brutalmente agressiva aos recursos naturais e à saúde da população.


A campanha ou movimento visou integrar e unir o conflito local com o global na busca de adequadas soluções para a crise climática que a justiça ambiental nos exige, pois como sociedade civil organizada precisamos cobrar dos governantes políticas públicas que atendam as nossas atuais necessidades de sobrevivência, sem no entanto comprometer os direitos das futuras gerações. Com a parceria de ativistas de Florianópolis ligadas a 350.ORG Brasil e o apoio de ONGs / Entidades e Movimentos Sociais locais e da região, aproximadamente 150 pessoas participaram do evento ocorrido no ensolarado sábado do dia 05/05/2012, junto ao bar Beco das Dunas no santuário ecológico do Morro dos Conventos.


A escolha do local não foi pela sua cênica beleza, mas porque na ocorrência do furacão Catarina uma espécie de acordo foi quebrado entre elementos naturais que compõem a milenar falésia e as dunas eólicas, quando a areia avançou o ‘’sagrado’’ espaço vegetado e impregnou na rocha, justamente onde houve interferência humana quando da ruptura da falésia para permitir acesso à praia na década de 60. O fato não é trágico, mas tem um forte apelo simbólico sobre os desdobramentos que as ações antrópicas podem causar à nossa biodiversidade.


Inicialmente três documentos foram lidos pela coordenação, iniciando com a Rívea Medri lendo o release com a ‘’Proposta do 350.ORG’’, a Chen Lin leu trechos da ‘’Carta do II EFAMuC’’ e por último, Tadeu Santos leu o ‘’Manifesto ligando os pontos em Araranguá’’. 


Destacamos a manifestação do Movimento Içarense Pela Vida com a presença de agricultores que resistem à mina 101 da empresa Rio Deserto, para desesperadamente proteger suas produtivas terras que estão ameaçadas pelo comprometimento dos sistemas superficiais e subterrâneos de recursos hídricos.


Por outro lado, vale destacar a parceria do pessoal da UFSC de Florianópolis e de integrantes do IF-SC Araranguá, da equipe de Projeto do Geoparque Caminhos dos Canions do Sul, o depoimento do Mobiliza Araranguá, da ONG Preservação do Morro dos Conventos, da Associação dos Turismólogos da Região da, a presença de representantes do Comitê de Bacias do Araranguá e do Mampituba, do Sinte e do Projeto Nossa Rua de Criciúma. Registramos também a presença do Secretário de Planejamento SEPLAN e do Comandante do Corpo de Bombeiros de Araranguá.


"Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos preocupados e comprometidos possa mudar o mundo; de fato é só isso que o tem mudado". Margaret Mead, antropóloga.


Na ocasião mencionamos o artigo da Cientista Social Luciana Butzke e Mariana Thibes, ‘’Manifesto por Justiça Climática: interface entre velhos e novos problemas socioambientais no Sul de Santa Catarina (2011)’’, do qual transcrevemos um pequeno trecho: O enfoque da justiça ambiental articula lutas de caráter social, territorial, ambiental e da casualidade histórica, a ênfase é deslocada para os processos sociais e políticos que distribuem de forma desigual os riscos e danos ambientais. Tendo como referência este enfoque, o objetivo deste artigo é analisar as potencialidades e limites do MANIFESTO POR JUSTIÇA CLIMÁTICA, iniciativa pioneira em SC, que inaugura o debate local sobre mudanças climáticas articulado aos problemas ambientais já existentes no território.’’  


Coordenação Geral ONG Sócios da Natureza