Durante a cerimônia de abertura do II Fórum Catarinense dos Gestores Municipais de Cultura, que aconteceu no início desta semana (28) em Florianópolis, a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e a Federação Catarinense dos Municípios (Fecam), assinaram um convênio que objetiva a capacitação de gestores municipais da área da cultura, expandindo as ações da entidade por todas as regiões catarinenses.
Para Douglas Warmling, prefeito de Siderópolis e presidente da Fecam, o convênio estabelece uma parceria muito importante para atender demandas apontadas há tempos pelos gestores municipais. Warmling disse essas iniciativas podem mudar a realidade vivida por muitos administradores, que acabam tendo que agir como “bombeiros”, apagando incêndios. “Além do poder público, a sociedade como um todo precisa entender a importância da cultura. Isso é essencial para que se estabeleçam políticas públicas planejadas e continuadas, que servirão, inclusive, para incrementar a economia dos municípios” afirmou.
O evento, promovido pela Fecam e pelo Conselho de Gestores Municipais de Cultura de Santa Catarina (Congesc) reuniu cerca 200 participantes, entre gestores municipais da área de cultura e representantes da FCC, Secretaria de Estado do Turismo, Cultura e Esporte (SOL) e Conselho Estadual de Cultura CEC, possibilitando um profundo debate sobre a Cultura como elemento transformador da sociedade. Já na abertura foi possível perceber que estão novamente em evidência questões levantadas durante a primeira edição, que aconteceu em agosto de 2011, em Fraiburgo, como por exemplo a necessidade de se criar uma secretaria específica para a área da cultura.
Para a coordenadora de Turismo, Cultura e Meio Ambiente da Amesc Cristiane Tonetto Biléssimo, a importância do evento chamou a atenção para o papel de cada indivíduo na efetivação de políticas culturais, sendo um momento especial para discutir a construção de uma política sólida, onde a cultura possa ser trabalhada e difundida. Os municipios de Balneário Gaivota, Ermo, Maracajá, Santa Rosa do Sul, Sombrio, Praia Grande, Passo de Torres e Turvo estiveram presentes através dos seus Gestores Municipais de Cultura.
Na próxima quarta-feira, 06 de junho, a AMESC realiza seu encontro de Gestores Municipais de Cultura onde a pauta contará com um dos assuntos que vem sendo discutido, ou seja, o Sistema Municipal de Cultura. A reunião de trabalho acontece no auditório da associação, a partir das 09h.
* Acompanhe os temas discutidos no II Fórum Catarinense:
A economista e administradora Ana Carla Fonseca Reis falou sobre “Cidades Criativas”, apresentando alternativas que colocam a cultura como elemento estimulador da economia das cidades, que necessitam, segundo afirma, buscar seus diferenciais. Para ela, poder público e gestores culturais têm papeis diferenciados nesse processo, e ambos se complementam. “Se o poder público é tradicionalmente avesso à cultura, é porque a vê como gasto, não como investimento. Como resolver isso? Cabe aos gestores levantar números, que comprovam a o impacto econômico gerado pelo segmento”, conclui.
Na seqüência, o secretário de Cultura de Paraty, Amaury Barbosa, apresentou um “case” sobre o desenvolvimento de atividades culturais na cidade, que contribuíram para tornar o Paraty um município-destaque em eventos e programações culturais, contribuindo com a criação de uma secretaria específica para a área. “Antes disso, Turismo e Cultura pertenciam à mesma pasta, mas a administração pública finalmente e felizmente percebeu que era impossível concentrar duas secretarias fundamentais para o município”, lembrou.
Para o secretário, mesmo com a diferença nos orçamentos das duas secretarias – o Turismo tem orçamento de R$ 9 milhões e a Cultura fica com R$ 1,5 milhão – o segmento cultural ganhou muito com a criação de uma secretaria própria.
Na parte da tarde, o II Fórum Catarinense dos Gestores Municipais de Cultura prosseguiu com o relatório de atividades do Congesc e a apresentação do filme “Quem se importa”, de Mara Mourão. Depois disso, Luiza Lins, diretora da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, fez uma capacitação dos interessados, possibilitando que cada município realize uma Mostra Infantil, na mesma época e nos mesmos moldes do evento, que em 2012 chega à sua 11ª edição. Após a capacitação, foi entregue um Kit contendo 44 filmes de curtas metragens brasileiros, cartazes e camisetas. Os municípios que não puderam participar irão receber os kits mesmo assim.
A palestrante Claúdia Leitão, Economista e Secretária da Identidade e da Diversidade Cultural abordou uma das palestras que despertou a atenção dos gestores sobre a Economia Criativa um conceito em construção,a economia do intangível, do simbólico. Essa nova economia contempla os ciclos de criação, produção, difusão, circulação/distribuição e consumo/fruição de bens e serviços caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica gerada por setores cujas atividades econômicas têm como processo principal um ato criativo, gerador de valor simbólico, elemento central da formação do preço, e que resulta em produção de riqueza cultural.
Na última década, o tema Economia Criativa vem ganhando espaço nas discussões de órgãos e comunidades internacionais, sendo destacado como estratégico para o crescimento e o desenvolvimento econômico e social de países desenvolvidos e em desenvolvimento, seja através da geração de trabalho, emprego e renda, seja por meio da promoção da inclusão social, da diversidade cultural e do desenvolvimento humano.
Com a criação da Secretaria da Economia Criativa (SEC) no Ministério da Cultura, o governo federal reforça o compromisso em dialogar com os segmentos criativos, os empresários, os artistas, as agências de fomento, as universidades, o sistema S, as agências multilaterais, os estados e municípios, as instituições de pesquisa, as organizações do terceiro setor, enfim, com a população brasileira com o objetivo maior de formular, implementar e monitorar de políticas públicas para um novo desenvolvimento do país.
Mas há ainda muito a ser feito, pois se necessita de pesquisas, de indicadores e de metodologias que garantam a confiabilidade dos dados desta nova economia. Carecemos de novas linhas de crédito para fomentar os empreendimentos criativos brasileiros. Precisamos construir uma nova educação para as competências criativas, além de infra-estrutura que garanta a criação/produção, difusão/circulação e fruição/consumo de bens e serviços criativos dentro e fora do país. Devemos, ainda, propor novos marcos legais para esta economia, sejam eles tributários, trabalhistas e civis que nos permitam avançar. Para isso, precisamos de políticas públicas capazes de transformar a criatividade brasileira em inovação e a inovação em riqueza.
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