Araranguá – Camelódromo: sonho, expectativa e ansiedade

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Sonho, receio e expectativa. São esses os sentimentos que predominam no Camelódromo Central quando o assunto refere-se à mudança para o novo complexo comercial. A expectativa é que a inauguração do futuro centro de compras ocorra, no máximo, até o mês de agosto. Enquanto essa data não chega, no entanto, os atuais 52 proprietários de bancas não escondem a ansiedade.

O próprio presidente da Associação dos Camelôs de Araranguá, Gilberto Fernandes Bernardino (Beto), anuncia uma série de fatores positivos e preocupantes. “A modificação de endereço proporciona uma reflexão, mas estamos atendendo um apelo das autoridades. Vamos colaborar para tornar realidade o projeto da revitalização urbana de Araranguá”, sentencia.

A preocupação do principal dirigente dos camelôs não ocorre por acaso, afinal de contas, a transferência do conjunto comercial para um lugar mais adequado é conseqüência de um plano de reurbanização da área central de Araranguá.

O atual camelódromo ocupa a margem direita do Rio Araranguá, o que representa aproximadamente 370 metros de extensão. A desocupação desse ambiente possibilitará a revitalização do terreno e uma melhor preservação da vegetação ciliar perpendicular ao Rio Araranguá, um dos principais cartões postais da cidade.

Na margem esquerda do rio, há cerca de 170m de distância pela antiga ponte pênsil. É possível verificar uma realidade totalmente distinta. Nessa área ciliar, existem raras construções, algumas moradias e nenhum estabelecimento comercial, mas o que mais desperta atenção é a preservação ambiental.

Em meio à mata nativa, existem limoeiros, laranjeiras, amoreiras, além de pés de mamão, maracujá e diversas outras espécies da flora e fauna regional. O cenário, aliás, é tão pacato que permite cenas pouco vistas no centro da cidade. A aposentada Ana Maria Nazário, por exemplo, transita em plena via pública conduzindo dois eqüinos de sua propriedade. “Faço isso todo o dia. Tenho outros animais e também crio galinhas”, revela visivelmente orgulhosa.

Funcionando há aproximadamente 20 anos junto ao passeio público da Rua Coronel Apolinário Pereira, às margens do Rio Araranguá, o Camelódromo Central reúne, atualmente, 52 pequenos comerciantes que revendem os mais variados produtos. No local, é possível adquirir, por exemplo, artigos esportivos, utensílios domésticos, vestuário em geral (meias, calçados, calças, camisetas, jaquetas), relógios, bijuterias, brinquedos e aparelhos eletrônicos. Mas, além de simplesmente comprar, o visitante também dispõe de 4 lancherias; bicicletário e relojoaria, estas últimas especializadas em conserto.

Instalados em pequenas, porém organizadas bancas (de madeira ou construção mista), os camelôs de Araranguá trabalham diariamente em horário comercial. A maioria dos seus artigos é proveniente de importação do Paraguai, mas de forma alguma isso interfere na seriedade dos negócios. Ao contrário. Todos os comerciantes são unânimes em explicar que caso ocorra algum problema imprevisto com o material vendido e a justificativa seja plausível (falha de fabricação), a troca pode ocorrer amigavelmente, até porque, na maioria dos casos, existe uma cumplicidade muito grande entre vendedor e comprador, argumentam.

O presidente da Associação dos Camelôs, Beto Bernardino, confirma a afinidade desse relacionamento. “Estamos estabelecidos há aproximadamente 30m de distância da Rodoviária e, talvez por isso, consigamos atrair clientes não somente de Araranguá, mas também provenientes de Turvo, Meleiro, Maracajá e Balneário Arroio do Silva, enfim atendemos pessoas originárias de diversos municípios do Estado e região”, afirma.

Manter essa vinculação com o público popular é, inclusive, uma das principais preocupações dos camelôs. “Não há dúvidas que o novo complexo é um lugar mais amplo e moderno, mas acredito que precisaremos de paciência para manter e expandir nossa clientela”, diz.

“Toda a modificação gera expectativa. Se de um lado estamos preocupados em manter antigos compradores, do outro lado, podemos pensar em conquistar novos clientes. Além disso, o novo camelódromo nos permitirá conquistar o tão sonhado alvará de funcionamento, o que nos possibilitará registrar as empresas. Dessa forma poderemos emitir notas fiscais e, quem sabe, até trabalhar com o débito e crédito de cartões bancários”, projeta Beto Bernardino.

A nova área comercial destinada para os camelôs está em fase de construção na Rua Sete de Setembro. Ao todo, serão 1.090,55 metros quadrados de obra construída. Nesse local, serão implantadas 48 salas comerciais, 4 lanchonetes e haverá um amplo espaço especialmente projetado para sediar exposições culturais e de artesanato. O investimento público municipal é de R$ 450 mil.

Fonte: Destaque Catarinense e contato internet