Correio do Sul – Foi sem perder o bom humor que moradores de Boa Vistinha, Itoupava II e Poço da Lontra, enfrentaram ontem o dia de reconstrução e de contar os prejuízos. "Cada um se escondeu onde deu. Tinha gente embaixo de mesa, de cama, agarrado em porta", contou rindo Jailton Castanha, genro de Hermínio Bitencourt da Silva, 63, um dos mais atingidos pelo tornado que varreu a região no domingo. Além do susto, seu Hermínio perdeu em menos de um minuto, o trabalho da vida inteira.
Tudo foi destruído. A casa ficou sem nenhuma telha, com uma porta arrebentada e vidraças estouradas. A garagem caiu em cima de seu Celta, que teve o teto rebaixado com o impacto e os vidros quebrados. Da estufa restou um monte de tijolos e madeira que não se aproveita nada. Ele ainda não calculou quanto perdeu. "Só a estufa dá uns R$ 20 mil".
Jailton viu quando o tornado se aproximava da casa. "Ele vinha como se fosse uma cobra, andando em uma reta, mas se retorcendo", contou. Achar o rastro da passagem do vento é fácil pela devastação na natureza. Árvores e eucaliptos ficaram quebrados ou foram arrancados inteiros. Perto dali, na casa de Maria Olinda e Sérgio Luiz Santa Helena, a situação é a mesma. A parte de madeira da casa mista deve que ser desocupada, pois além das telhas arrancadas, a armação ficou retorcida e ela se afastou da outra alguns centímetros. A área foi arremessada cerca de dez metros longe.
O casal passou o dia tentando salvar o que desse das 230 arrobas de fumo que estavam no galpão destruído. Duas carretas tinham sido enviadas para estufas de vizinhos, para secar. É esta solidariedade que estava dando forças a Luiz Carlos Walnier, proprietário de um aviário que desabou totalmente, como se tivesse sido implodido. Ontem, vizinhos e parentes ajudaram a recolher do meio dos escombros pintos ainda vivos. O mau cheiro já começava a ficar forte. Embaixo do entulho, cerca de 10 mil, das 14 mil que estavam no local, jaziam mortas.
Luiz estimava seu prejuízo em cerca de R$ 200 mil. Mesmo assim acredita que teve sorte. O filho havia sido do aviário segundos antes de tudo vir abaixo. "Ele deu dois passos pra fora e o galpão desabou", contou o pai emocionado. A defesa civil confirma o tornado com ventos de 120 Km/h.