Correio do Sul
Pierre Perraro Magnus e Flávio Farias Selau morreram em acidente de trânsito após concluir um curso de tiro em Florianópolis
A morte dos policiais civis Pierre Perraro Magnus e Flávio Farias Selau, ambos com 38 anos, deixou de luto três cidades: Torres, onde Pierre morava, São João do Sul, onde ele trabalhava e Flávio morava e Praia Grande, onde Flávio trabalhava.
Os dois perderam a vida num acidente por volta das 22h de quarta-feira, entre Sanga da Toca e Guarita, na BR 101. Voltavam de Florianópolis, para onde tinham ido pela manhã participar de um curso e receber novas armas.
Na volta, passaram na 1ª DP de Araranguá e Pierre mostrou e elogiou a pistola. "Ele estava contente, rindo e brincando", conta o comissário João Dias, última pessoa a ver o colega com vida. Minutos depois que os dois saíram, Dias recebeu o telefonema informando sobre as mortes.
João havia passado nove meses em licença por problemas de saúde. A quarta-feira foi o primeiro dia de trabalho depois do afastamento. "E o Flávio foi a primeira pessoa que vi quando cheguei a delegacia de manhã e assumi o plantão", conta.
Flávio e Pierre foram até Araranguá com uma viatura de Praia Grande. Na 1ª DP trocaram de veículo, pegando outra viatura pra ir até Florianópolis. Na volta, refizeram a troca e Dias ainda estava trabalhando. Sorridente, Pierre não demonstrava nenhuma insatisfação por ter sido convocado a capital no seu segundo dia de férias. Ele só voltaria a trabalhar em 15 de abril.
A vida dos dois amigos tinha vários pontos em comum. Com a mesma idade, cursaram juntos a academia de polícia em 1998 e trabalhavam em municípios vizinhos. Ambos eram casados e tinham um filho – Pierre uma menina de nove anos e Flávio um menino de quatro. Sua esposa, Dilcéia, está grávida de oito meses.
"Ele estava planejando aumentar a casa e falava sobre a escolha do nome do bebê", conta a policial Adriana Silveira, que trabalhava com Flávio na delegacia de Praia Grande. Eram os únicos policiais civis do município. "Ele era um grande amigo, em quem eu confiava plenamente", completa Adriana.
Flávio, que era comissário, tinha planos também para o próximo fim de semana. "Nós já tínhamos reservado espaço pra acampar no rodeio aqui de São João", conta Jonatã Reis, casado com uma irmã de Dilcéia. Os dois casais acompanhariam juntos a festa tradicionalista.
Pierre, que era escrivão, estava cursando pós-graduação em Gestão de Segurança Pública e sua expectativa era receber uma promoção. Mas não queria deixar São João do Sul, onde atuava havia quase dez anos. "Ele sempre dizia que queria ficar até se aposentar, porque adorava a cidade", lembra a colega Elenita Maciel, que trabalhava com Pierre desde que ele chegou ao município em que os dois eram os únicos policias civis. Na quarta-feira, minutos antes da colisão fatal, Pierre ligou para o celular dela querendo carona de São João do Sul até Torres, onde ela também mora. Ela já tinha ido e a conversa – a última- durou poucos segundos, já a tristeza deve durar muito tempo. "Ele era exemplar, ético, responsável e estava muito feliz neste período", afirma Elenita.
Pela manhã, Pierre e Flávio foram velados juntos no ginásio Frei Adercides, de São João do Sul, que está funcionando como igreja durante a reforma da matriz. O local ficou lotado e os policiais civis fizeram uma homenagem aos colegas mortos. Ao meio-dia, o corpo de Pierre foi levado para Torres, onde ele residia, e o de Flávio permaneceu no ginásio.
O enterro foi acompanhado pelo diretor de polícia do Litoral, Márcio Colatto, que chegou num helicóptero pouco antes de ter início a solenidade religiosa.
Delegados
Delegado é quem é advogado e faz concurso passando no concurso pra delegado e indo trabalhar numa delegacia que fica na sede da Comarca. Nos demais municípios é indicado um policial civil para ser o responsável pela DPMU – Delegacia Municipal, então um comissário, um investigador pode ser responsável pela delegacia, mas para a comunidade em geral o policial responsável é chamado de delegado.